Eu e dois amigos (João e
Lucas) entramos em uma mata fechada e começamos a nos enfiarmos mais fundo por
entre as árvores, para pegarmos bambu, biriba e cabaça para fazermos berimbau,
porque dançávamos capoeira.
Logo no início, havia uns
galhos das árvores que estavam atrapalhando nosso caminho. Então, nós íamos
quebrando-os e fizemos isso várias vezes para podermos passar adiante. Nesse
meio da mata também havia muitos barulhos de cantos de pássaros, do vento
batendo nas árvores: barulho de mata mesmo.
Estava ocorrendo tudo bem.
Achamos os bambus e então começamos a ir atrás das cabaças. Foi quando tudo
ficou em silêncio total, nenhum barulho mais: nem do vento, nem de pássaros,
nem de mais nada!
Começamos a ficar com medo
e decidimos voltar pelo mesmo caminho pelo qual tínhamos vindo. Então, andamos
por um tempo e não achamos a trilha de volta. Foi aí que nos demos conta de que
estávamos andando em círculos. Ficamos mais desesperados quando, nesse momento,
escutamos barulhos altos de passos sobre as folhas do chão. Era barulho de mato
se quebrando, como se algo estivesse se arrastando, vindo em nossa direção.
Foi quando surgiu uma
mulher em nossa frente: baixinha, curvada, toda vermelha, cheia de espinhos na
pele. Tinha os olhos negros e seus cabelos eram feitos de cipó meio
esverdeados, com algumas folhas agarradas. Era a Cumade Fulozinha! Ela começou
a bater-nos com os próprios cabelos, puxando-nos pelos pés. Vi que ela domava
os cipós de sua cabeça com os braços. Não dava para ver seus pés, pois estavam
rodeados de folhas.
Eu consegui correr mais do
que meus amigos e apanhei menos. Só fiquei com alguns arranhões nas costas.
Saímos nós três correndo, gritando, desesperados. Conseguimos sair daquela mata,
chegando a um local conhecido.
E, então, acordei
desesperado e percebi, aliviado, que havia sido apenas um sonho. Quando tentei
me mexer na cama, minhas costas estavam ardendo e queimando, ao mesmo tempo.
Tentei levantar-me com um pouco de dificuldade. Acendi a luz e fui em direção
ao espelho. Vi, surpreso, que minhas costas estavam cortadas e sangrando.
Nenhum comentário:
Postar um comentário