sábado, 19 de novembro de 2016

CONTO: Berimbau AUTORA: Gabrielle Simões

Eu e dois amigos (João e Lucas) entramos em uma mata fechada e começamos a nos enfiarmos mais fundo por entre as árvores, para pegarmos bambu, biriba e cabaça para fazermos berimbau, porque dançávamos capoeira.
Logo no início, havia uns galhos das árvores que estavam atrapalhando nosso caminho. Então, nós íamos quebrando-os e fizemos isso várias vezes para podermos passar adiante. Nesse meio da mata também havia muitos barulhos de cantos de pássaros, do vento batendo nas árvores: barulho de mata mesmo.
Estava ocorrendo tudo bem. Achamos os bambus e então começamos a ir atrás das cabaças. Foi quando tudo ficou em silêncio total, nenhum barulho mais: nem do vento, nem de pássaros, nem de mais nada!
Começamos a ficar com medo e decidimos voltar pelo mesmo caminho pelo qual tínhamos vindo. Então, andamos por um tempo e não achamos a trilha de volta. Foi aí que nos demos conta de que estávamos andando em círculos. Ficamos mais desesperados quando, nesse momento, escutamos barulhos altos de passos sobre as folhas do chão. Era barulho de mato se quebrando, como se algo estivesse se arrastando, vindo em nossa direção.
Foi quando surgiu uma mulher em nossa frente: baixinha, curvada, toda vermelha, cheia de espinhos na pele. Tinha os olhos negros e seus cabelos eram feitos de cipó meio esverdeados, com algumas folhas agarradas. Era a Cumade Fulozinha! Ela começou a bater-nos com os próprios cabelos, puxando-nos pelos pés. Vi que ela domava os cipós de sua cabeça com os braços. Não dava para ver seus pés, pois estavam rodeados de folhas.
Eu consegui correr mais do que meus amigos e apanhei menos. Só fiquei com alguns arranhões nas costas. Saímos nós três correndo, gritando, desesperados. Conseguimos sair daquela mata, chegando a um local conhecido.

E, então, acordei desesperado e percebi, aliviado, que havia sido apenas um sonho. Quando tentei me mexer na cama, minhas costas estavam ardendo e queimando, ao mesmo tempo. Tentei levantar-me com um pouco de dificuldade. Acendi a luz e fui em direção ao espelho. Vi, surpreso, que minhas costas estavam cortadas e sangrando.

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